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acordo às sete da manhã com a notícia de um familiar muito doente.
ainda meio a dormir vou à casa de banho e percebo que tenho o olho direito todo vermelho e coisas menos bonitas a sair dele.
lavo-o com soro enquanto ouço o rapaz em silêncios longos, sem saber o que dizer a quem lhe dá más noticias.
lembro-me que hoje é o último dia de entrega de um trabalho enorme que não posso não fazer.
sento-me com o olho direito meio fechado, em frente ao pc, tentando a custo fazer o que preciso.
o rapaz sai para trabalhar.
liga-me uma das pessoas mais importantes da minha vida a contar uma situação menos boa.
esqueço do trabalho, do familiar doente e do olho e só me apetece pegar no carro e ir a correr ter com ela.
a meio desse telefonema telefona o rapaz pedindo que ligue ao familiar.
despeço-me da amiga, despeço-me do rapaz, ligo ao familiar.
fico sem bateria no telemóvel a meio.
ponho o telemóvel à carga.
falo com o familiar.
sento-me para trabalhar.
liga-me a DECO porque tive a infeliz ideia de mandar vir um guia grátis para animais de companhia (que eu não tenho nem vou ter) e agora querem porque querem que assine duas revistas.
não atendo a DECO.
lembro-me do trabalho.
O rapaz liga-me para eu telefonar à ambulância que sou mais expedita nessas coisas.
ligo à ambulância sem saber se devo dizer que alguém me venha buscar também que o meu olho está mais vermelho ainda.
lavo o olho.
começo a trabalhar.
tocam à campainha: dois senhores do jeová querem saber se me podem deixar um convite para ir festejar (terei ouvido bem?) a morte de cristo no dia 31 de março.
pergunto se o convite é em papel ou palavras. quando me respondem que é um papel indico a caixa de correio.
sento-me, finalmente, para trabalhar com o olho meio tapado por uma cena de algodão que fiz às três pancadas.
não me consigo concentrar.
liga-me novamente a DECO.
penso: tenho de anotar isto.
escrevo aqui.
continuo com familiar doente, olho doente, a DECO a tentar ligar, o trabalho por fazer e um convite para um funeral na caixa de correio.
tudo antes das onze da manhã.
podia ser caricato se não fosse - juro que é - totalmente verdade.