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detesto desperdiçar dinheiro.
quando somos criados com a ideia de que ele não cresce nas árvores e que só o obtemos à custa de muito esforço e trabalho, a ideia de simplesmente gastá-lo de forma desordeira acaba por ser contranatura.
e se é verdade que a minha criação e a do rapaz não foi assim tão diferente no que diz respeito ao espaço, às raízes e experiências, temos uma maneira um pouco diferente de encarar o dinheiro:
e se isso, por norma, não nos traz grande discussão, leva-nos a certos debates em que ganha quem consegue ter mais paciência para a argumentação (por norma eu), a não ser quando um bate o pé (por norma ele) e não há volta a dar.
em resumo:
quando começamos a pensar na lista de coisas indispensáveis à criança eu achava que sabia o abuso do preço do tralhedo
afinal não.
e ainda estou siderada com as coisas que vi.
tive de respirar muito fundo.
juro que não quero ir ao mais barato só porque sim, mas vendo o entusiasmo do rapaz a achar tudo perfeitamente normal tive vontade de me demitir destas funções e não querer saber o preço da coisada toda.
sempre que vamos fazer uma compra grande tento pensar como seria se os nossos rendimentos fossem somente o salário mínimo nacional.
sei que é um pouco parvo porque, mesmo não ganhando tal quantia, sinto a ansiedade do que seria se ganhasse. mas parece-me perfeitamente lúcido ter um ponto de comparação. e quando me dizem "oh vá lá, são duzentos euros, não é preciso essa histeria toda", não consigo alhear-me da ideia de que duzentos euros é quase metade do salário mínimo e que há gente a trabalhar horrores para o conseguir.
discutir dinheiro é uma canseira.
sobretudo quando, segundo ele (e não deixa de ter razão), não há essa necessidade tendo em conta o que nos esfalfamos a trabalhar para que não seja uma preocupação. mas vamos cá convir que duzentos euros por um berço que apenas dura enquanto o puto não se conseguir sentar me parece desapropriado e esbanjador.
não quero ser uma daquelas pessoas sovinas só porque sim.
mas não suporto a ideia do abuso da consciência dos pais que, querendo o melhor para os filhos, açambarcam uma panóplia de coisas que não servem para nada a não ser ocupar espaço.
posto isto, chegamos a consenso (ele ganhou desta vez, que eu estava sem paciência) no que diz respeito a coisas básicas.
mas estou com gana de insultar meia dúzia de fabricantes e marketers eficazes.
é que não há pachorra!
(e um conjunto de roupa de cama para bebés de cento e vinte euros? - de certeza que era de seda pura. e uma alcofa de trezentos? - provavelmente tinha airbag incluído).
já agora: quanto custa um saco (ou caixa?) de fraldas da melhor marca?
é que até tenho medo de ir pesquisar.