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estou cansada. diria mais: estou esgotada.
o miúdo passou grande parte da noite em claro.
eu também.
de repente começou a produzir muco em quantidades industriais, com dificuldade em respirar pelo nariz o que lhe provocava mau estar e choro.
choro longo.
dolorido.
dormi às mijinhas.
acordei de meia em meia hora, levando depois uma hora para adormecer.
de manhã, quando acordei com ele já mais restabelecido, os pulmões a funcionar na exigência do leite do pequeno almoço, estava bem mais cansada do que quando me deitei, à meia noite.
pensei alimentá-lo e dormir a manhã inteira.
choviam garrafões de água lá fora e o vento fazia uivar as árvores em frente.
só queria dormir.
só queria que alguém alimentasse o puto.
que ele se levantasse e fosse ao frigorífico servir-se de uma meia de leite e uma carcaça com manteiga.
levantei-me meia a dormir.
acordei aos poucos enquanto ele comia a olhar-me fixamente, os olhos pretos, gigantes, sérios e contidos, numa concentração de quem faz algo de extrema importância.
depois disso não havia como dormir.
tentei trabalhar a manhã inteira ainda que uma parte de mim dormisse.
o mesmo agora de tarde.
o escritório está quente e a chuva vai caindo em bátegas na janela.
fui bebendo chá, bem quente, na tentativa de acordar.
trabalhei meia a dormir.
e depois, há pouco, enquanto falava para o miúdo, numa das mil pausas de hoje, ele deitado a olhar para mim sem vestígios da noite anterior, agarrado ao coelho oferta da seita...
deu-me o primeiro sorriso (sem ser por reflexo) da sua curta vida.
um sorriso aberto e desdentado.
um sorriso a sério.
para mim.
o primeiro sorriso foi meu.